Copacabana Palace: um hotel que é uma lenda




Destino de personalidades internacionais, paredes do local testemunharam amores secretos, brigas por ciúmes e shows memoráveis, tudo isso sem perder o glamour

PEDRO LANDIM
     Rio - Dolores del Rio, a mexicana que brilhou em Hollywood, estrelou com Fred Astaire e Ginger Rogers o filme ‘Flying Down to Rio’ (1933), onde o amor impossível acontece nos cenários art déco do Copacabana Palace. Anos depois, na vida real, o hotel foi palco da briga que levou o cineasta norte-americano Orson Welles (de caso com a cantora brasileira Linda Batista) a jogar um sofá pela janela da suíte, que acabou dentro da piscina onde Brigitte Bardot e Madonna mergulhariam nas décadas seguintes.
     No último sábado (13/07), o local foi cenário das manifestações cariocas durante o casamento de Beatriz Barata — filha do empresário dos transportes Jacob Barata —, alvo de protestos. Um cinzeiro foi jogado da varanda em um dos manifestantes.
     Inaugurado em 13 de agosto de 1923, o Copacabana Palace inicia a comemoração dos seus 90 anos com visitas guiadas do professor de história Milton Teixeira e show do músico e diretor Claudio Botelho (foto). Ele cantará Cole Porter no Bar do Copa — e diz certa lenda que o autor de ‘Night and Day’ teria passado uma noite no hotel e se encantado por um garçom.

     “Depois do Palácio do Catete, do qual o hotel era uma extensão, foi lá onde mais se tomaram decisões importantes no Brasil do século 20”, diz Milton Teixeira. “O hotel apresentou a Praia de Copacabana ao mundo, e consolidou o bairro como centro turístico”, afirma.
     Palavras como estas fazem parte das palestras que o professor fará entre agosto e setembro para alunos de escolas públicas de Copacabana, com direito a visitas ao hotel. Aos adultos, Milton promete revelações mais fortes. E convida quem quiser para o encontro gratuito de hoje, às 14h, na Churrascaria Carretão, no Lido. De lá, partirá para o calçadão em frente ao Copa para contar histórias repletas de emoção e champanhe. Como a da passagem subterrânea que ligava a rua ao anexo do hotel para encontros de políticos e banqueiros com suas amantes. Ou o tiro que o presidente Washington Luís teria levado de uma amante francesa.
     “As comemorações começam agora e se estendem pelos próximos três meses. Queremos que tanto os hóspedes quanto os cariocas façam parte desta grande celebração”, diz Andréa Natal, diretora geral do Copacabana Palace. Estão previstos também jantares com grandes chefs da rede Orient-Express, que dirige o hotel.

FIM DO BAR DO COPA

     A história do músico e diretor Claudio Botelho passa pelo Copacabana Palace. Em 1993, ele fez a última temporada do Golden Room, como ator no musical ‘De Rosto Colado’. Amanhã, estreia o show ‘Cole Porter e os Meus Musicais de Estimação’, no Bar do Copa, que vai fechar para dar lugar ao terceiro restaurante do hotel (ao lado dos luxuosos Pérgula e Cipriani). “O Copa era um templo dos musicais de Carlos Machado, que trazia referências da Broadway”, diz Claudio.
No estilo ‘saloon singer’, acompanhado de piano, violão e sopros, o cantor vai lembrar clássicos de Cole e musicais como ‘The Sound of Music’. O show começa às 21h com ingressos a R$ 100.

LIVRO DE OURO

     Dois anos após a inauguração dos salões com mármore italiano, lustres da Tchecoslováquia e móveis franceses, o Copa hospedou a primeira celebridade mundial: o cientista Albert Einstein.
De lá para cá, o Livro de Ouro impressiona. Só em 1991, por exemplo, estiveram por lá George Michael, Pelé, Nelson Mandela, e Charles e Diana, o casal real. Em 2012, o hotel sofreu reformas de R$ 30 milhões, remodelando os 147 apartamentos e ampliando o lobby. Mas a decoração das suítes permanece a mesma que recebeu Marlene Dietrich nos anos 50, para show histórico no Golden Room.
     Momento de apoteose recente, o verão de 2006 trouxe os Rolling Stones e sua comitiva ocupando 60 quartos. Os músicos fecharam o 6º andar, onde suítes decoradas com tapeçarias francesas e móveis orientais têm diárias superiores a R$ 7 mil. No palco em frente ao hotel, tocaram para 1,3 milhão de pessoas, o recorde da banda.
     Desde a sua inauguração, o hotel teve dois proprietários: a família Guinle, do Rio de Janeiro, e o grupo Orient-Express Hotels, que o adquiriu em 1989.

foto: João Laet
FONTE: O DIA ON LINE

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